Saúde e bem estar

Plantas bravias comestíveis e plantas condimentares

Plantas bravias comestíveis e outras condimentares

Não é pequena a lista de plantas bravias que podem ser utilizadas na alimentação humana, tanto diretamente, como utilizadas como condimento.

A muitas dessas plantas não tem sido reconhecido o seu verdadeiro mérito e utilidade. Algumas delas são mesmo ervas daninhas de culturas, mas que também possuem o seu lado positivo e útil.

Nesta listagem, iremos abordar

– num primeiro subcapítulo algumas espécies bravias diretamente comestíveis pelas suas folhas, talos ou rebentos e

– numa segunda listagem outras de frutos comestíveis, sendo estas últimas geneticamente correlacionadas com as fruteiras dos nossos pomares.

Também abordaremos o uso de plantas bravias como condimentares, chamando a atenção para o facto de algumas espécies serem em simultâneo

– comestíveis

– e condimentares

– e até medicinais.

De qualquer modo nesta resenha iremos abordar cada uma dessas espécies autóctones ou naturalizadas e os habitats em que estão inseridas. Ficam de fora as exóticas recentes, dado que estas últimas não têm obviamente o mesmo valor etnobotânico.

O saber tradicional sobre estes recursos está em risco de se perder e em paralelo vão-se alterando os hábitos alimentares.

É no sentido de recuperar um pouco esse tão valioso património, tanto botânico e ecológico como antropológico, que aqui deixamos este testemunho sobre a temática das plantas bravias comestíveis que nos propusemos abordar.

Não é uma lista exaustiva e algumas outras existirão, mas pelo menos esperamos que fique como um primeiro inventário útil para o comum das pessoas e para as mais dedicadas à etnobotânica em particular.

Fitoterapia – os benefícios de algumas ervas aromáticas

Um pouco por todo o país

Assim, far-se-á uma abordagem simples a cada uma dessas espécies, através da sinonímia popular e científica, dos habitats em que estão inseridas, circunscrevendo-nos essencialmente à região de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Ficam de fora algumas outras espécies tradicionalmente utilizadas noutras regiões do país, como é o caso

– das camarinhas (Corema album) um arbusto das dunas de bagas brancas comestíveis usadas nas regiões litorais;

– das tengarrinhasScolymus hispanicus – e das almeiroas ou chicórias bravas (Chichorium intybus) aparentadas com as leitugas muito apreciadas no Alentejo;

– e das acelgas bravas (Beta maritima), também vulgares nas regiões litorais;

– ou do tomatinho de capuz (Physallis peruviana) uma Solanácea de bagas comestíveis boas para compotas. É também uma planta usada em jardins como ornamental pela beleza das suas flores de vivas cores escarlates.

Igualmente usadas em jardins e de folhas comestíveis são as conhecidas chagas (Tropaeolum majus) espécie de origem exótica, como a anterior.

Há também plantas de flores comestíveis, como por exemplo as madressilvas e as violetas, embora não seja muito habitual esse tipo de utilização, aspecto esse que é mais recente e mais ligado a sociedades urbanas.

Outras ainda como as rabaças ou aipos bravos (Apium nodiflorum) são abundantes na nossa região como aliás em todo o país, nos mesmos habitats aquáticos onde se inserem os agriões e as meruges, embora não sendo habitualmente utilizadas pelo menos na nossa região, são igualmente comestíveis.

Outras contudo são comestíveis pelas suas raízes, como é o caso das bardanas (Arctium minus) uma bela planta da família das compostas, semelhante a um cardo sem espinhos, também utilizada e também pelas raízes para fins medicinais.

Sobre as ervas medicinais, aromáticas e condimentares

Recolher, preservar e divulgar o saber tradicional

O saber tradicional sobre estes recursos florísticos ainda remanescente no nosso mundo rural corre o risco de se ir perdendo.

É no sentido dessa recuperação que realizámos esta resenha, chamando à atenção para o facto de muitas destas plantas bravias comestíveis serem, em simultâneo, usadas como condimentares, como medicinais e até como ornamentais.

Chamamos ainda a atenção para o facto das fruteiras selvagens de frutos comestíveis serem aparentadas geneticamente com as fruteiras dos nossos pomares, não nos podendo dar ao luxo de menosprezar esse tão valioso património.

Sugestões para cultivar ervas aromáticas

Fonte: “Etnobotânica – Plantas bravias, comestíveis, condimentares e medicinais“, José Alves Ribeiro, António Monteiro e Maria de Lurdes Fonseca da Silva (texto editado e adaptado) | Imagem