Sugestões para cultivar ervas aromáticas
Cultivar ervas aromáticas
Muitas das ervas aromáticas, particularmente as vivazes e de pequenas dimensões, são frequentemente cultivadas em canteiros.
Recomenda-se para a cultura de louro, cebolinho, funcho, hortelã, salsa, coentros, alecrim, azedas, segurelha, estragão e tomilho, as espécies mais indicadas para as utilizações culinárias, um pequeno canteiro no jardim.
Terreno e exposição
Embora se deem geralmente em terreno fértil, bem drenado e com boa exposição à luz solar, as ervas aromáticas desenvolvem-se também numa terra pouco cuidada e que não satisfaça integralmente estas exigências.
A exceção das azedas, todas as ervas aromáticas se dão em terrenos alcalinos, necessitando somente de uma adubação anual com um fertilizante à base de cal.
Como na sua maioria são originárias de regiões mediterrânicas, as ervas aromáticas necessitam de uma boa exposição à luz solar.
O canteiro deve, de preferência, estar colocado numa ligeira elevação de terreno e orientado para o Sol.
As espécies de maiores dimensões e que mais necessitam de luz solar deverão ser plantadas na zona posterior do canteiro, de modo a não fazerem sombra às espécies de menor porte.
Num jardim pequeno, o canteiro das ervas aromáticas deverá ficar integrado na horta, de preferência perto da cozinha. Desde que o espaço o permita, muitos são os arranjos decorativos que este tipo de plantas pode proporcionar.
Para ler: Fitoterapia – os benefícios de algumas ervas aromáticas
Preparação da terra e plantio
O terreno deverá ser preparado durante o Inverno, escavado até à profundidade mínima de 40 cm.
Na Primavera, a terra deverá ser remexida (picada) várias vezes com um ancinho até ficar muito leve.
As plantas anuais deverão ser semeadas a partir de Março, após o período das geadas.
As vivazes têm duas épocas de plantação – Março a Abril ou Setembro a Outubro -, a qual deve ocorrer em dias de temperatura amena e sem vento.
As sementes serão plantadas em filas distanciadas entre si cerca de 30 cm a 40 cm e cobertas com uma fina camada de terra com a espessura máxima de 1 cm.
Logo que os rebentos atinjam um desenvolvimento que permita avaliar o seu volume devem ser desbastados, ficando com um intervalo entre si nunca inferior a 10 cm.
A salsa tem uma germinação extremamente lenta, podendo decorrer um período de 4 a 6 semanas entre a sementeira e o aparecimento dos primeiros rebentos.
Pode adiantar-se esta germinação mergulhando as sementes em água durante 12 horas antes de as lançar à terra.
As plantas vivazes podem reproduzir-se a partir das sementes lançadas à terra na Primavera ou por estacaria, em viveiros (caixas ou vasos), devendo as espécies manter-se separadas.
As estacas deverão ser transplantadas para local definitivo no Outono ou na Primavera seguintes.
Propagação
As plantas vivazes podem reproduzir-se pela divisão de plantas já existentes.
Os arbustos como o alecrim e o tomilho propagam-se facilmente por este meio.
Para efetuar esta operação, devem cortar-se os rebentos laterais pelo nó, com uma faca bem afiada, e retirar as folhas inferiores, deixando o caule livre até meio da altura; introduz-se depois o caule da planta em caixas contendo uma mistura em partes iguais de turfa e areia.
Após esta operação, que deve realizar-se em Julho ou Agosto, devem colocar-se as caixas em viveiros ou em local abrigado do sol quente, mantendo a terra húmida.
Quando as plantas estiverem enraizadas, transplantam-se, separadamente, para vasos, os quais devem ter 7 cm a 8 cm de diâmetro.
Se o Inverno for rigoroso, é aconselhável conservá-las, se possível, em estufas; caso contrário, cobrem-se com rama de outras plantas ou palha.
Em Abril ou Maio seguintes transplantam-se para local definitivo.
Para ler: A utilização das ervas aromáticas na culinária
O louro, a alfazema, a hortelã, o alecrim, a salva e o tomilho podem também reproduzir-se deste modo, desde fins de Julho a Setembro, sempre em dias frescos e encobertos.
As estacas podem ser diretamente plantadas em viveiros ao ar livre.
Na Primavera seguinte, as plantas fortes deverão ser transplantadas para os seus lugares definitivos.
Para conservar o aroma original, o cebolinho deve ser transplantado de três em três ou de quatro em quatro anos, na Primavera ou no Outono, em terra nova.
Separam-se as plantas pelos bolbos em pequenos grupos, sacode-se cuidadosamente a terra velha, retiram-se as raízes secas e replantam-se os bolbos, mantendo-se entre estes 20 cm a 25 cm de intervalo.
Plantas de grandes dimensões, como o funcho e a azeda, podem reproduzir-se também segundo este método, embora o funcho seja mais aromático se a sua reprodução tiver sido feita por sementeira.
Como os rizomas fortes da hortelã alastrarão para outras áreas se não forem dominados e restringidos ao seu local, devem introduzir-se verticalmente na terra, como precaução, azulejos ou telhas, que limitarão estas plantas à área pretendida.
Para efeitos de propagação, desenterram-se as plantas com torrão, sacode-se a terra dura e separam-se os pés, que conservarão um pouco de rizoma.
Para ler: Sobre as ervas medicinais, aromáticas e condimentares
Como cuidar das ervas aromáticas
Deve limpar-se impecavelmente o terreno, arrancando todas as infestantes que possam vir a danificar as plantas, retirando-lhes a luz, a humidade ou roubando-lhes o alimento.
Durante o tempo seco de Verão, devem manter-se sempre húmidos os terrenos onde cresçam plantas com grande necessidade de água, como a angélica e a salsa, a fim de se obterem espécies vigorosas.
Uma das melhores formas de conseguir esta humidade consiste em cobrir a terra com uma camada de folhas nos meados da Primavera, medida que se torna ainda vantajosa por impedir, de certo modo, o aparecimento de infestantes.
Arbustos como a alfazema e o alecrim poderão crescer isolados, em grupos ou em sebes.
Neste último caso, as plantas deverão ser cultivadas de modo a poderem ser anualmente podadas. Em Março devem retirar-se todas as folhas mortas e velhas e, para se manter a configuração da planta, deverão ser cortados todos os rebentos mal colocados.
Se a planta for velha, os ramos velhos devem ser cortados pelo meio, em Abril ou Setembro.
Devem retirar-se as flores velhas à alfazema no fim do Verão e aparar levemente a planta, dominando-lhe a forma mas conservando o vigor dos tufos.
Na Primavera, as plantas despidas e fracas podem ser cortadas para permitir o revestimento com novos rebentos.
A alfazema cresce normalmente em sebes baixas, que devem ser aparadas em Fevereiro ou Março.
Para ler: À descoberta das esplêndidas ervas aromáticas
Pragas e doenças
Embora, de modo geral, seja reduzido o número de pragas que ameaçam as plantas aromáticas, as raízes e os caules da salsa podem ser atacados por enxames de moscas da cenoura, vítimas das quais os caules das plantas jovens enfraquecem.
Pode evitar-se esta praga, pode criar-se uma barreira com uma garrafa de plástico cortada a meio por exemplo. O ataque da mosca também pode ser evitado, plantando chalotas ou alhos junto da salsa, pois têm um efeito repelente.
Também as moscas do aipo se alimentam muitas vezes de folhas de salsa, provocando o aparecimento de manchas castanhas nas mesmas. Quando fortemente atacadas, estas franzem-se e atrofiam-se.
Como o melhor método de controlo é a prevenção, é importante que verifique a parte inferior das folhas de vez em quando para agir o mais rápido possível, aplicando a melhor solução para cada caso.
Também são pouco numerosas as doenças que afetam as ervas aromáticas; contam-se entre elas a ferrugem, que pode aparecer, na Primavera, nas folhas e nos caules do cebolinho e da hortelã, sob a forma de pústulas amarelas, avermelhadas ou vermelhas, as quais degeneram em manchas esbranquiçadas, acabando as folhas por cair.
Para ler: Rotação de culturas e famílias de hortícolas
Como a ferrugem é difícil de controlar, porque se infiltra nos tecidos, no fim de cada estação qualquer planta seriamente afetada deve ser destruída.
Atacada pela white rot (podridão branca), a folhagem do alho torna-se amarela e acaba por cair; as raízes normal mente apodrecem e os bolbos aparecem cobertos por uma camada de fungos brancos.
Como a doença persiste na terra, deve escolher-se uma terra nova para a plantação de novos bolbos.
Como prevenção, deve pulverizar-se no local com uma solução cúprica antes do plantio.
Nas folhas de salsa pode aparecer um fungo formando pequenas manchas castanhas cuja cor se torna gradualmente menos nítida. Procurar tratamento.
As plantas de salsas que tenham sido cultivadas tardiamente são ainda sujeitas ao ataque relativamente benigno de um determinado tipo de vírus que provoca o aparecimento de manchas amarelas, laranja ou vermelhas (mosaico).
As folhas e os caules da salva podem aparecer cobertos por uma camada de pó branco devido à presença de fungos (míldio).
Como tratamento, destruir as folhas afetadas e, como precaução, desinfetar a terra com soluções cúpricas.
Para ler: 6 ervas aromáticas para usar nos cozinhados!
Colheita e secagem
A altura ideal da colheita depende do fim a que a erva se destina.
As plantas de que se aproveitam as folhas e os caules devem ser colhidas enquanto novas e antes da floração; aquelas de que se aproveitam as flores, no máximo da floração; as ervas aromáticas de que se aproveitam as sementes só devem ser colhidas no fim do Verão, quando estas, bem maduras, adquiriram já um tom amarelo ou castanho, segundo as espécies.
A colheita das ervas deve realizar-se de preferência num dia seco, calmo e sem vento, e de manhã cedo, estando as plantas isentas de humidade.
As folhas devem ser cuidadosamente manuseadas, para não se partirem e, consequentemente, perderem o aroma. As que estiverem estragadas ou descoradas, bem como as grandes, devem ser retiradas; as folhas pequenas devem secar com os pés.
Para efeitos de secagem, as ervas aromáticas devem ser colocadas em caixas de cartão ou em tabuleiros revestidos de gaze, separadas por espécies, para evitar a mistura dos aromas.
Estes recipientes devem conservar-se em local seco, arejado e temperado.
Para ler: Plantas condimentares da flora de Portugal
Qualquer armário que disponha de um bom arejamento pode ser utilizado para o efeito.
As ervas aromáticas devem ser cuidadosamente viradas uma vez por dia.
Na sua maioria, estarão prontas para serem guardadas, apresentando uma consistência quebradiça decorridos 4 ou 5 dias.
É aconselhável verificar o seu grau de secura antes de as guardar, acondicionando-as durante uma semana em frascos de vidro com a tampa esmerilada.
Se a humidade se denunciar ou penetrar nos frascos, devem retirar-se as ervas, espalhá-las novamente em tabuleiros e deixá-las secar mais alguns dias.
Depois de secas, as folhas devem ser separadas dos pés, as folhas pequenas, tais como as do hissopo e do tomilho, conservam melhor o seu aroma guardadas com os pés, devendo as folhas ser apenas retiradas na altura da utilização.
Os raminhos de ervas aos quais tenham sido previamente retiradas as folhas devem ser guardados em recipientes fechados hermeticamente, de preferência opacos. Deve evitar-se o contacto direto dos recipientes transparentes com a luz.
As embalagens devem ser depois fechadas e rotuladas.
As ervas aromáticas de folhas pequenas podem ainda ser atadas em molhos e penduradas, com as folhas viradas para baixo, em local seco, fresco, arejado e com pouca luz.
As folhas muito secas devem ser guardadas em frascos fechados.
Devido à consistência extraordinariamente macia das suas folhas, a salsa e o cerefólio geralmente não são secos, guardando-se congelados.
Cortam-se as plantas em raminhos, limpam-se e mergulham-se em água a ferver durante 1 minuto. Passam-se depois por água fria corrente até estarem completamente frias. Enxugam-se os raminhos com um pano macio e colocam-se em sacos de plástico ou embrulham-se em folhas de alumínio e introduzem-se no congelador.
Estas ervas aromáticas podem utilizar-se em sopas, guisados, refogados e molhos sem serem descongeladas.
As espigas onde estão implantadas as flores de alfazema devem ser cortadas logo que começam a preparar-se para abrir. Posteriormente, devem ser atadas em molhos pequenos e penduradas, com as flores viradas para baixo, em local seco, arejado, fresco e sombrio.
Depois de completamente secas, as flores devem ser retiradas e guardadas num recipiente hermético.
As flores de alfazema seca podem ser guardadas em saquinhos entre a roupa nas gavetas ou misturadas com outras flores secas em pomanders ou pot-pourris.
Ervas aromáticas como a alcaravia e o funcho, de que se aproveitam as sementes, são secas e guardadas do mesmo modo que as folhas.
Os caules devem ser cortados no fim do Verão ou no princípio do Outono, quando as sementes, já maduras, tiverem adquirido um tom amarelo-acastanhado.
As sementes devem ser colocadas em tabuleiros ou atadas pelos pés em pequenos molhos. Deve deixar-se secá-las durante uma semana, virando-as de vez em quando.
Quando bem secas, devem guardar-se em recipientes com a tampa esmerilada ou herméticos.
Pomanders e pot-pourris
Os pomanders são feitos cravejando laranjas, limas ou limões com cravinhos inteiros.
Devem deixar-se secar num quarto arejado e seco durante um mês. A seguir, são passados por uma mistura em partes iguais de raízes de lírio e de um preparado de cravinho, noz-moscada, canela, alecrim ou qualquer outra mistura aromática.
O fruto envolvido nesta mistura deve manter-se dentro de uma caixa funda durante uma semana. É depois sacudido e atado com uma fita de seda.
Os pot-pourris podem ser feitos com várias misturas de flores e ervas aromáticas secas.
A mistura perfumada pode conter pétalas de rosa, folhas de gerânio, flores de alfazema e raminhos de alecrim.
As flores e folhas secas devem ser misturadas com cravinhos esmagados, canela e mistura de especiarias. Depois, são introduzidas num pote de vidro (frasco com a boca larga).
Os pot-pourris devem ser utilizados em parcelas e colocados em tigelas de prata ou de louça, a fim de espalharem o aroma pelas divisões da casa ou pelos armários.
In “Segredos culinários das ervas aromáticas” (texto editado e adaptado) | Imagem