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A poda das videiras é o recomeço de um ciclo!

Após a vindima, inicia-se novo ciclo

Terminada a vindima, reinicia-se o ciclo vegetativo da videira.

As folhas já caíram, e, por conseguinte, as reservas activas das folhas foram já canalizadas para o atempamento da vara, é então a época normal para realizar a poda.

Em Portugal, operação de poda da vinha realiza-se em diferentes épocas do ano, conforme a região, o clima e as castas existentes na vinha. No entanto, o agricultor dispõe sensivelmente de 3 meses para realizar esta operação.

Não é aconselhável realizar esta operação com fortes geadas. Isto porque os sarmentos estão quebradiços e também porque se expõe os tecidos da zona do corte ao frio, o que pode ser letal para estes.

Assim, pode-se optar por podar mais tarde, ou podar em duas fases:

– numa primeira fase, realiza-se uma pré-poda, em que retira todos as varas dos arames;

–  e numa segunda fase, quando realmente não existe o real perigo de ocorrência de geadas fortes, realiza-se o acerto da carga à poda.

É por isso importante iniciar a poda pelas castas mais tardias, aquelas que irão abrolhar mais tarde.

Podas, varas e carga

A poda, como é sabido, consiste no corte, mais ou menos severo das varas, para disciplinar e estimular o crescimento dos gomos responsáveis pela futura produção.

Uma vara será mais ou menos fértil, até certa medida, em função do seu vigor. O vigor depende do solo, da casta, e da poda praticada no ano anterior.

Em função deste vigor, iremos deixar mais ou menos carga à poda (carga = nº de olhos deixados à poda).

Ao decidir atribuir mais ou menos carga em função da capacidade da videira, temos como objectivo manter a planta em equilíbrio para termos produções regulares, mantendo varas vigorosas e férteis durante o maior número de anos possíveis.

Quando a carga à poda é excessiva espera-se uma produção abundante, mas de menor qualidade, com consequente enfraquecimento da videira, o que levará ao longo dos anos ao seu envelhecimento prematuro.

Por outro lado, uma carga demasiado reduzida permitirá uma baixa produção, além de induzir à rebentação de gomos dormentes em ladrões, e rebentações múltiplas, provocando desavinho e ensombramento da vegetação.

A poda é por isso uma operação com grande importância na regularização da produção e do vigor da planta.

Em cada região, pelos distintos sistemas de condução existentes, os sistemas de poda também podem ser variáveis.

Fala-se em

poda longa, quando as varas são podadas a pelo menos 4 olhos,

poda curta, quando as varas são podadas a 2 ou 3 olhos, designados talões,

– e poda mista, quando se registam varas e talões na mesma videira.

No caso da poda mista, deixam-se as varas para a produção do ano, e ao talão deixa-se a função de renovação para garantir poda no ano seguinte.

Cuidados de ordem sanitária importantes

Alguns cuidados de ordem sanitária são importantes serem tomados, pois é com a poda que algumas doenças se propagam a toda a vinha, comprometendo, a longo prazo, a sanidade e a produção.

A desinfeção do material de poda (tesoura, serrote, etc.) será uma ajuda importante para limitar a transmissão de algumas doenças e pragas.

As feridas de poda são uma porta de entrada destas doenças, pelo que, quanto maior a ferida maior é a possibilidade de contaminação.

As varas cortadas, se e quando infectadas, devem ser destruídas. Isto porque as formas hibernantes de fungos nelas contidas podem facilmente ser transportadas pelo vento e contaminar plantas sãs.

Videiras já afectadas pela escoriose não devem ser podadas muito curtas. Isto para não promover a rebentação de gomos infectados, pois o fungo aloja-se nos gomos basais.

Plantações e podas de formação

Para as plantações novas, cujas podas de formação começam a ser praticadas, o que se pretende é orientar a videira, para a forma de condução previamente definida.

O objectivo é promover uma estrutura permanente vigorosa e adequadamente distribuída no espaço, para facilitar todas as intervenções culturais e permitir a obtenção de uma boa superfície foliar exposta.

A distribuição das varas e talões deverá ser realizada de modo a evitar um adensamento excessivo da vegetação, ou uma insuficiente exposição foliar.

Nesta fase de vida da videira, a produtividade é secundária, o prioritário é a promoção de um adequado vigor e uma correcta formação da cepa.

A poda do primeiro ano é sempre curta.Os lançamentos correspondentes devem ser conduzidos de modo que a vara que irá originar o futuro tronco seja mantida na posição desejada (usualmente na vertical) com tutores, tubos de crescimento, etc.

Para se assegurar uma boa circulação da seiva através do tronco e braços devem-se minimizar as feridas de poda, evitando assim zonas de tecido morto.

Sobre a poda muitas mais coisas poderiam ainda ser ditas. Esse é um momento determinante para a produção da vinha a médio e logo prazo.

Fonte (texto editado e adaptado)