Prevenir o cancro através da alimentação

A alimentação e o estilo de vida podem fazer a diferença entre a saúde e a doença.

Conheça alguns “ingredientes” que podem ser agentes ativos na prevenção da doença oncológica.

Já na Antiguidade, Hipócrates, o pai da medicina [ver abaixo], anunciava que “os alimentos seriam os nossos primeiros medicamentos“.

Em pleno século XXI – e por ocasião do Dia Mundial do Cancro a 4 de fevereiro -, esta mensagem permanece não só atual, como urgente.

Nos últimos anos, a incidência de cancro em Portugal tem vindo a aumentar e um quarto da população portuguesa está em risco de o desenvolver.

A boa notícia?

Há medidas simples – e ao alcance de todos – que podem ajudar a mudar este paradigma.

Prevenção e dieta mediterrânica

Fast food, refrigerantes e comida processada, devorados apressadamente em frente ao computador, são hábitos bem longínquos da nossa “forma tradicional de comer“.

Recuperar a Dieta Mediterrânica é retomar um estilo de vida; um modo de comer e de viver que privilegia os produtos frescos, locais, com base no que a natureza nos dá em cada estação do ano.

Sem excessos, mas com prazer, ao qual não está alheio o prazer do convívio à mesa, esta é uma das dietas mais saudáveis do mundo na prevenção de doenças crónicas como o cancro, patologias cardiovasculares, diabetes tipo 2 e certos tipos de demência.

As medidas inscritas na Roda dos Alimentos Portuguesa não são novas, mas provam que há tradições que não se devem perder.

 

Sono – saiba o que deve comer para dormir bem

Educação para a saúde

Não há enfermidade que goste de uma boa alimentação.

Por isso, este cuidado aliado a atividade física regular, ao descanso, a um peso saudável e à cessação do consumo de tabaco, ao longo da vida, pode contribuir para a prevenção de muitos tipos de cancro.

Estes hábitos serão tanto mais eficazes quanto mais cedo se iniciarem, ou seja, logo na infância.

Seguir os princípios da dieta mediterrânica pode ajudar na prevenção do cancro e de outras doenças.

Que colocar no prato?

Uma alimentação diversificada e equilibrada, seguindo as recomendações inscritas na Roda dos Alimentos Portuguesa, é um bom trunfo, para ajudar a prevenir as doenças oncológicas e reduzir os riscos de uma reincidência.

Escolha produtos frescos e da época.

Aumente os hortícolas e a fruta nas suas refeições diárias.

Aposte nas leguminosas (feijão, grão, lentilhas, ervilhas, favas) diariamente.

Opte por cereais integrais (pão, massas, arroz, farinhas) com grande teor de fibras.

Utilize mais ervas aromáticas e especiarias para temperar.

Prefira as carnes de aves e de coelho.

Consuma peixes gordos (sardinha, cavala, salmão, sarda e enguia).

Faça da água a sua bebida de eleição (1,5 a 2 litros por dia).

Modere o consumo de carnes vermelhas (vaca, porco, borrego e cabrito).

Reduza a gordura na confecção e tempero de alimentos.

Priorize o azeite.

Limite o consumo de comida enlatada (atum, sardinha ou cavala).

Modere o consumo de produtos lácteos.

Se consumir álcool, faça-o com muita moderação.

Tenha muita atenção e procure limitar o consumo excessivo de sal.

Evite o consumo de açúcar e alimentos açucarados, como produtos de pastelaria, doces comerciais (não caseiros), bolos, bolachas e biscoitos, por exemplo.

Prescinda das carnes processadas (salsichas, fiambre, chouriço, presunto).

Alerta para alguns tipos de peixe e marisco – sobretudo o peixe-espada, espadarte, safio e tubarão – que podem aumentar o risco de cancro.

Rejeite alimentos total ou parcialmente queimados. (1)

Hipócrates (c. 460-370 a. C.)

Médico grego, considerado o fundador da medicina ocidental.

Apesar de se saber agora que muitos dos escritos dantes atribuídos a Hipócrates foram escritos por mais de uma pessoa, a sua contribuição para o estudo da doença e a sua interpretação sobre o papel do médico foram, não obstante, muito importantes.

Ao contrário dos seus predecessores, que eram ao mesmo tempo mágicos e médicos, Hipócrates estava convencido de que as doenças tinham causas naturais.

Foi o primeiro a registar sistematicamente a cronologia das doenças dos seus pacientes, método que os médicos ainda hoje utilizam.

Estabeleceu as regras básicas da relação médico/doente, que são ainda a base de todos os códigos modernos de ética médica.

Vejamos um extrato do juramento de Hipócrates: «Qualquer que seja a casa onde entre, vou para ajudar o doente,
abstendo-me de toda a maldade. Sobre tudo o que eu veja ou ouça, na minha assistência aos doentes, e que não seja para ser ouvido noutros lugares, manterei silêncio.
»

Os escritos de Hipócrates estão cheios de aforismos, alguns dos quais se tornaram ditados populares, tais como «para grandes males grandes remédios». (2)

Hipócrates, médico grego, considerado o fundador da medicina ocidental.
Enquanto os seus contemporâneos gregos acreditavam que a doença era uma calamidade enviada pelos deuses, Hipócrates foi o primeiro médico a reconhecer que esta tinha uma causa natural.

(1) Revista “Sabe bem, faz e bem e custa pouco” – janeiro/fevereiro 2023

(2) Dicionário Ilustrado do Conhecimento Essencial